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Moradora de Votorantim relembra lendas do bairro Cubatão e relata encontro com capitão-do-mato: 'Acredito em tudo e não tenho medo'

Igreja da Comunidade Sagrado Coração de Jesus, no bairro Cubatão, em Votorantim (SP) Gisele Navarro/Arquivo pessoal Acreditar em mitos e lendas urbanas pode ...

Moradora de Votorantim relembra lendas do bairro Cubatão e relata encontro com capitão-do-mato: 'Acredito em tudo e não tenho medo'
Moradora de Votorantim relembra lendas do bairro Cubatão e relata encontro com capitão-do-mato: 'Acredito em tudo e não tenho medo' (Foto: Reprodução)

Igreja da Comunidade Sagrado Coração de Jesus, no bairro Cubatão, em Votorantim (SP) Gisele Navarro/Arquivo pessoal Acreditar em mitos e lendas urbanas pode ser muito mais simples do que ser devoto de crenças e religiões, afinal, para algumas pessoas, basta ver para crer. É o caso de Gisele Navarro, de 50 anos, moradora do bairro Cubatão, em Votorantim (SP), que afirma ter visto e ouvido diversas entidades durante à noite, incluindo o famoso capitão-do-mato, que costumava caçar escravos na cidade séculos atrás. Neste Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, o g1 conversou com Gisele a respeito das lendas que circulam pela região que, segundo ela, são histórias reais, principalmente as que envolvem a igreja da Comunidade Sagrado Coração de Jesus, que fica em frente a sua casa. A artesã aposentada contou que começou a ter contato com estas lendas desde quando se mudou para o bairro Cubatão, há 17 anos. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp "Para mim é algo normal [ver e ouvir entidades]. Acredito em tudo e não tenho medo. Já vi tanta coisa por aqui. Essa geração mais nova fica assustada, mas eu não, acho tudo normal", disse a artesã. Uma das histórias que circulam pelo bairro é a dos velórios fantasmas. De acordo com a moradora, muitas pessoas relatam ter visto, durante a madrugada, velas acesas e vultos dentro da igreja, parecendo uma cerimônia de velório, porém, no dia seguinte, não havia mais ninguém no local nem vestígios de um velório. A igreja, inclusive, é ativa na região e continua sediando missas, batizados e quermesses ao menos duas vezes no ano. Gisele Navarro, moradora do bairro Cubatão, em Votorantim (SP) e a igreja localizada em frente a sua casa Gisele Navarro/Arquivo pessoal Outra lenda é de que escravos foram os responsáveis por construir a igreja da Comunidade Sagrado Coração de Jesus, e que o trabalho árduo os assombrou tanto, que suas almas permaneceram ali até os dias hoje. De acordo com Gisele, quem caminha por lá pode ouvir pessoas cantando cantigas de roda e o arrastar de correntes pelo chão. Outro encontro inusitado de Gisele foi com o capitão-do-mato, ou homem da capa preta. Antigamente, este nome era dado aos responsáveis por recapturar escravos que tentavam fugir em troca de recompensas. Ele apareceu mais de uma vez pelo bairro Cubatão, mas normalmente fica em frente a casa de Gisele, segundo ela. A mulher descreveu o capitão-do-mato como um homem alto, magro, que se veste de preto dos pés à cabeça, com uma capa e um chapéu escondendo o rosto. Além disso, ele não toca os pés no chão e fica flutuando, segundo a artesã. "O bairro era mais escuro antigamente, então era mais fácil dele aparecer. E não sou apenas eu, muitas outras pessoas aqui do bairro já o viram e descrevem da mesma forma. Ele fica agachado perto do poste que tem na esquina de frente com a minha casa, do lado da igreja. Quem passar pode cumprimentar, mas ele não responde, só levanta e some", relatou Gisele. Moradores do bairro Cubatão, em Votorantim (SP), teriam visto o homem da capa preta, ou capitão-do-mato, diversas vezes Gisele Navarro/Arquivo pessoal Apesar destas lendas serem histórias que costumam assustar as pessoas, Gisele destaca que nunca se sentiu ameaçada por nenhuma delas, mesmo tendo visto e ouvido coisas que fogem da normalidade. Uma vez, conta que até interagiu com o capitão-do-mato, pois seu cachorro tinha saído de casa e estava latindo muito, foi quando ela percebeu que ele latia para a figura misteriosa. "Ele estava tentando assustar o meu cachorro com a capa, para que ele parasse de latir, mas não parecia querer fazer mal. Eu abri o portão e saí correndo para pegar meu cachorro, foi quando ele (capitão-do-mato) me viu e foi embora em um terreno", explicou. ⛪ Capitão-do-mato e a Casa dos Padres João Fernandes, de 64 anos, um pastor em Votorantim, também reforça a história da aparição do capitão-do-mato na região. Apesar de não morar no bairro Cubatão, ele afirma que já ouviu mais de uma pessoa relatar ter visto a figura. "Isso daí é real, viu? É verdade, sim. É um capitão-do-mato que, antigamente, tinha um pessoal que eu conheço que o via, sentado perto da igreja", disse. João Fernandes, de Votorantim (SP), é descendente de escravos Arquivo pessoal João é descendente de um dos escravos que, segundo ele, estiveram na Casa dos Padres, que fica no limite entre Sorocaba e Votorantim. Estes escravos, de acordo com ele, buscavam refúgio na Casa dos Padres, justamente para fugir do capitão-do-mato. "Envolve a história da comunidade quilombola, com o José Joaquim de Camargo, nosso tataravô. Eu e minha família somos remanescentes de quilombo e faz parte também da Casa dos Padres, né? Porque nossos ancestrais eram socorridos pelos padres na época", disse João. Segundo João, na época, os escravos que tentavam fugir mas eram perseguidos pela figura encapuzada. A Casa dos Padres, que existia desde a época em que a cidade foi fundada, nos anos 1600, foi demolida em 2014, mas durou tempo suficiente para virar palco de diversas histórias assombradas. De acordo com o historiador e jornalista Celso Ribeiro, conhecido como "Marvadão", o local funcionava como um mosteiro beneditino, com sacerdotes que vieram para a cidade junto de Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba. No entanto, o prédio ficou abandonado por anos após dois incêndios e era invadido com frequência por jovens curiosos. Veja vídeo feito por Marvadão abaixo. Ruínas da Casa dos Padres são registradas por historiador de Sorocaba Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM